
Paulo Cunha e Silva, 44 anos.
Paulo Cunha e Silva nasceu em Beja, é Professor na Faculdade de Desporto e Comissário da exposição "Depósito".
- De que mais gosta na Universidade do Porto?
A dimensão, é uma grande Universidade com uma constelação de interesses muito diversos. Tem uma dimensão metropolitana. Zonas de excelência (também de mediocridade, há que ter coragem de o dizer).
- De que menos gosta na Universidade do Porto?
A sua dificuldade em afirmar-se como uma voz fundamental na cidade. Sinto que muitas vezes, apesar dos sues núcleos de excelência científica, entre a universidade e a cidade há um divórcio profundo. A universidade tem dificuldade em comunicar e em comunicar-se. Para fora, mas também dentro de si. Parece-me todavia que se estão a dar passos para ultrapassar este estado de coisas. E os outros males comuns à universidade portuguesa em geral: a endogamia, o tráfico de influências, o nepotismo.
- Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Associar ao seu carácter de pólo produtor de conhecimento científico, uma dimensão de irradiação cultural. Sem o vector cultural a ciência corre o risco de tornar num discurso ensimesmado. O investimento na dimensão cultural permitir-lhe-ia também adquirir mais visibilidade, e com isso maior facilidade em se tornar numa voz activa e protagonista.
- Como prefere passar os tempos livres?
Viajando e lendo. A viagem é um texto e o texto é uma viagem. Por isso leio, compulsivamente. E viajo, sempre que posso.
- Um livro preferido?
A série negra do Gonçalo M. Tavares, que foi meu estudante de doutoramento, e que com este conjunto de pequenos livros revolucionou o romance em Portugal. O último romance de Philip Roth, Everyman (2006) um fabuloso exercício sobre o desejo e a morte. E, claro, a Rosa do Mundo, ideia que pedi ao Hermínio Monteiro para desenvolver, e que aí está como uma das maiores antologias da poesia de sempre.
-Um disco preferido?
Mahler (todo)
- Um prato preferido?
Percebes e perdizes. Cozido à portuguesa, uma sinfonia de porco.
- Um filme preferido?
Blue Velvet de David Lynch e Crash de David Cronenberg. Os dois mais espantosos filmes sobre as dobras do corpo, os seus meandros mais indizíveis.
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